quarta-feira, 30 de julho de 2008

A caverna

Era amargo o gosto daquilo. As vísceras se contorciam para fugir daquele montante sinistro de sentimento pútrido e indigesto.

Era a visão de homens e crianças que se deparavam com uma realidade tão dura quanto sofrer a pior das perdas. Essa visão que se amorteciam com o cotidiano visceral de momentos passageiros.

João tinha 68 anos. Os anos mais bem vividos por um homem. Viveu como uma criança até aquele momento. Todo momento de sua vida era uma história a se contar.

Trabalhava em um parque de diversões. Mais brincava que trabalhava. Mas trabalhava. Seus trocados lhe rendiam sorvetes e pirulitos. O velho jovem sempre teve grandes amigos.

Seus amigos que um dia vieram também se foram. Alguns deles viraram profissionais famosos, empresários grandiosos. Alguns deles tem carros importados, outros tem uma família linda. Alguns de seus amores nunca saíram dos posters presos nas paredes dos bares ou nas laterais das bancas.

Alguns dos hobbies de João nunca estiveram em falta. A sua volta tinha tudo o que queria. Montanha russa entre outros. Brincava com amigos novos que ali surgiram.

Não havia certeza de nada quando era ele. A única certeza é que ele gostava de tudo aquilo, e que ninguém ousava tirá-lo dali.

Havia muitas histórias para se contar. Terras, monstros, grandes criaturas.

Aquele homem, sim, aquele homem era feliz.

E dele não houve legado de sangue, mas houve grandes histórias e inveja de quem hoje não consegue fugir da realidade abrupta que temos.

O Livre arbítrio não são escolhas por simples ser. São escolhas que se fazem ser.

1 comentário:

Anónimo disse...

Inspirado isso hein?

Gostei de ler....
Aliás, se quiserem mais uma cabeça neste blog, conte com a minha....de cima, fiquem tranquilos!