quarta-feira, 30 de julho de 2008

A caverna

Era amargo o gosto daquilo. As vísceras se contorciam para fugir daquele montante sinistro de sentimento pútrido e indigesto.

Era a visão de homens e crianças que se deparavam com uma realidade tão dura quanto sofrer a pior das perdas. Essa visão que se amorteciam com o cotidiano visceral de momentos passageiros.

João tinha 68 anos. Os anos mais bem vividos por um homem. Viveu como uma criança até aquele momento. Todo momento de sua vida era uma história a se contar.

Trabalhava em um parque de diversões. Mais brincava que trabalhava. Mas trabalhava. Seus trocados lhe rendiam sorvetes e pirulitos. O velho jovem sempre teve grandes amigos.

Seus amigos que um dia vieram também se foram. Alguns deles viraram profissionais famosos, empresários grandiosos. Alguns deles tem carros importados, outros tem uma família linda. Alguns de seus amores nunca saíram dos posters presos nas paredes dos bares ou nas laterais das bancas.

Alguns dos hobbies de João nunca estiveram em falta. A sua volta tinha tudo o que queria. Montanha russa entre outros. Brincava com amigos novos que ali surgiram.

Não havia certeza de nada quando era ele. A única certeza é que ele gostava de tudo aquilo, e que ninguém ousava tirá-lo dali.

Havia muitas histórias para se contar. Terras, monstros, grandes criaturas.

Aquele homem, sim, aquele homem era feliz.

E dele não houve legado de sangue, mas houve grandes histórias e inveja de quem hoje não consegue fugir da realidade abrupta que temos.

O Livre arbítrio não são escolhas por simples ser. São escolhas que se fazem ser.

1º Desafio: Quem somos? - Rub´s - Atrasadíssimo!!

"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos,
são palavras,

Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."
(Fernando Pessoa)

Definir-se pelo que já foi escrito é bem mais fácil e tentador, mas vou tentar fazer dos dois:
Tardiamente me apresentando como o mais novo membro deste blog (yay!), meu nome é Rúbia, tenho 24 anos de vida, trabalho com publicidade e apesar de meu cargo não se envolver muito na"publicidade pura", sou extremamente curiosa e posso dizer que sei levar uma conversa sobre o tema "numa boa".
Estudante adoradora de Letras, amo Literatura de todos os tipos e minhas mais novas paixões são a Linguística e a Gramática (pois é... amar a gramática é possível!), e pretendo falar bastante sobre estes temas por aqui. \o/
Amo cinema, amo séries, amo as pessoas, amo os amigos, amo a família, amo escrever e principalmente amo falar! hehe...

Vamos nos encontrar mtas vezes por aqui!

´Later Babe...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Correria do dia a dia

Ao tempo que se esgueira, ela engana

Faz do tempo tempo precioso, faz do cálculo algo que não há de funcionar

Engana sobre que eu quero, me faz nefasto a viajar sem lar

Que não queira saber de nada, que só queria primar, criar sem solucionar

Não se sabe o que é problema, que problema é tempo e tempo não há de se ganhar

O dinheiro é moeda fato, que se faz quando mato,

mato verde areia onde enterro meus inimigos imginários que fingem estar lá

Não quer saber de nada, sigo a minha vida sigo até chegar em algum lugar

Brilhante era o cão, que morto de fome, rasgou o saco, e morreu de tédio!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Fim do começo, ou começo do fim?

Depois de ver o transito na cidade, que muda para pior a cada minuto que se passa. Depois de ver a uma criança pedir no farol e ser derrubada por um outro maior. Depois de passar 3 anos desempregado, desiludido e fudido. E agora, depois de passar a um trabalho sujo de misérias na carteira. Estive por tempo quieto. E quieto fiquei por muito tempo.

Disse que o final de semana era curto, que a semana era longa. Que o domingo era o início do fim, e o sábado é o fim do começo...

Pois venho protestar. Sim, venho protestar!

Me diga você, sim, você, que passa a semana inteira trabalhando, reclamando, depois passa o final de semana inteira reclamando, me diga. Está reclamando do que?

Passei o fim de semana ouvindo e falando. Vi que não haveria como não me expressar depois de ear a verdade colocada dentro do ponto.

E aí, vamos discutir sobre o assunto?

O quê? Agora ficou desconfortável, só porque estou falando bravo com você? Pois então escute!

Porque raios você reclama pelo seu trabalho? Você trabalha o tempo todo mas, essa não foi sua escolha? De buscar uma boa maneira de ganhar dinheiro e poder sustentar seus gastos que nem sempre, ou melhor, quase nunca, é tão importante para manter você vivo e feliz. Pois é meu amigo. Lembro de quando você reclamava quando estava desempregado, desiludido, achando que era fracassado. Quando você estava assim, o que que você fazia? Você reclamava! Sim, você reclamava!

É sim. E depois, quando seu amigo te arrumou o trabalho que você tem hoje, você até agradeceu, ma não deu uma folga de uma semana para reclamar de novo.

Quando vem o fim de semana, o que que você faz? Reclama! Não basta passar a metade do primeiro dia do fim de semana que você já fala do segundo! Não é mesmo? É sim! Já reclama do segundo, falando que quando aparecer o fantástico você já fica cansado só de lembrar do trabalho que terá no dia seguinte.

Meu amigo, as coisas são diferentes. Porque raios você se compara com os outros quando fracassa? Dizendo " Ah, pelo menos aquele ali foi pior que eu" e depois não quer se comparar quando o cara se dá bem. Porque você não compara o seu trabalho com quem está procurando um!

Percebeu como ficou diferente. E aí? O que tem a me dizer?

Olha, eu não sou assim!

Ah, mas é sim! Ou você pensa que eu não ouvi você! Que eu não te vi dizer? Você faz isso o tempo todo! Tá infeliz porque? Alguém te disse que você não tinha escolha a não ser isso?

Não! Mas eu não tenho escolha, o que eu posso fazer?

Olha, sua defesa é inútil quando você só fica com essa bunda na cadeira e não faz nada para mudar! Olha aqui! As coisas podem ser diferente. Você não quer! Você acha que reclamar é mais fácil, não acha?

Não é bem assim. Mas eu...

Como não é assim. Quando ódio você alimentou só por inveja. Você você fizesse a metade que aquele amigo seu fez, você estaria no mesmo lugar que ele! Não se engane, irmão. Os dados na sua mão tem o mesmo número em todas as faces. Você escolhe a aposta.

Mas, eu não sei como....

É por que você nunca buscou saber como. Sai desta poltrona e vai descobrir o mundo. Isso não é auto ajuda. Isso não é mais auto piedade. Eu já cansei de ficar aqui vendo tudo isso. Passando a mão na tua cabeça e não fazer nada. Você tem de sair daí!

Você tem razão.

É! Eu tenho sim! Tem mesmo, eu vou sair agora e botar tudo para melhorar!

É isso aí! Agora sim você está parecendo mais a mim do que este obscuro chamado depressão.

É isso aí. Na segunda eu começo a mudar!

É isso aí. Amanhã...

Não! Amanhã não. Numa outra segunda...

..."Dizia a humanidade na frente do espelho"...

"Um som dos pedaços do vidro batendo levemente na pia seguido do estrondo seco se fez no final deste diálogo. Pequenas manchas vermelhas na bancada eram o prólogo do grande Vencedor!"

E o meu dia seguinte começou com a minha mão enfaixada!



(ps do autor: Adoro dar soco na cara!)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Desculpas a todos

Um pedido de desculpas aqui no SketchBlog.

Ao que percebem o 2º desafio foi cumprido apenas por um dos integrantes, que o cumpriu com certa dificuldade. Gostaria de dizer que há problemas pessoais a ser enfrentados. Por isso esse atraso.

Gostaria de pedir desculpas em nome dos integrantes por isso. Mas a partir de hoje estamos com uma imensa felicidade e dizer que um de nós superouo problema que enfrentava e pode dizer que é mais um profissional no mercado de trabalho.

Sim! O André Gravata é mais um profissional que está trabalhando. Parabéns!

Agora que todos nós estamos tomados pelo trabalho e tudo mais, teremos de repensar algumas coisas do blog. Como por exemplo os prazos dos desafios.

Logo notificaremos as pequenas mudanças que este blog terá de passar.

Enquanto isso, não deixem de visitar o SketchTrash, que continua com suas atualizações diárias.

Estamos fazendo o possível para tornar o blog um grande lugar para um pequeno e diferente entretenimento a vocês!

Um grande abraço!

Detetive Amoroso

O ventilador rangia em seus movimentos de bailarina sem sair do lugar, os móveis se revezam soltando estalos aqui e ali, os últimos raios de sol se apertavam para passar nas estreitas aberturas da persiana gasta do tempo. Sobre toda superfície do lugar, reinava uma fina camada de poeira que já quase faz parte da decoração do lugar. Na cadeira ao centro, quase tão inerte como os móveis que lhe faziam companhia, um detetive aguardava. Aguardava pelo quê?
Talvez por três batidas na porta seguidas pela entrada de uma fêmea fatal. Vestida em vermelho com seu lenço ora apertado entre os dedos, ora a secar-lhes as lágrimas dos olhos. Ela contaria seu caso, ele se prontificaria a ajudá-la, ela cairia em seus braços e ele a seguraria como se fosse a única.
Ou então esperava por uma sinfonia dissoante de cantadas de pneus, gritos na rua, rajadas de metralhadora e as sirenes da polícia. Olharia pela fresta já alargada na persiana de tanto ser aberta, iria até seu casaco no mancebo e dali até a delegacia. Onde seus velhos companheiros e hoje informantes dariam a ele uma história que renderia muitos drinks, um soco na cara e longas noites sem dormir.
Na verdade, esperava apenas que algo acontecesse. Sabia que era muito mais provável que ali entrasse mais um marido munido de sua desconfiança conjugal e ele, ele viveria mais alguns dias atrás de uma mulher e seu amante. Tirando fotos, gravando conversas e ouvindo atrocidades do marido, como se fosse ele o homem com que sua mulher saía.
Perdido em seus pensamentos, nem notou o envelope que silenciosamente entrou por baixo da porta. Como se não tivessem sido feitos para isso, abriu os olhos com dificuldade. Viu o envelope, em seguida se virou para Doce de Leite, Tudo bem, é uma aposta. Se este for mais um marido desconfiado esse será meu ultimo caso. Se não for, você ganha e eu continuo a trabalhar. Fechado, a gata apenas voltou a deitar sua cabeça nas patas, como se dissesse que nem se preocuparia com as chances de perder.
A aposta pesava em seus ombros, não outro motivo havia para tanto tempo se demorar sentado na mesa com o rosto nas mãos e o olhar no envelope. Levantou-se, ao seu peso e ao extra que carregava. Andou pesado até a porta e enquanto o ultimo raio de sol deixava de iluminar o branco do envelope, pegou-o nas mãos.
Enquanto caminhava de volta, agora mais leve, lia a mensagem escrita a ele. ‘Doca 23, Armazém 7’, Será que você foi um coelho em outra vida, foi sua despedida à sua amiga felina. Com toda a curiosidade e ansiedade que lhe foram ausentes nos últimos anos ele deixou o escritório e descia as escadas enquanto vestia o casaco.
De súbito, parou na porta que dava à rua. Na rua, agora um bloco de água se impunha a sua passagem. Chovia como há muito tempo não acontecia, chovia como se todas as nuvens da cidade estivessem disputando um espaço mínimo e enquanto se empurravam umas às outras derramavam toda a água que guardavam dentro de si sem critério algum. Levantou sua gola, afundou o chapéu na cabeça, respirou uma ultima vez a seco e ainda segurando as golas adentrou o ringue molhado.
Atingido por todos os golpes das nuvens, entrou no que parecia ser um bar. O Rajada de Bala. O dono, o velho barman era seu amigo de infância. Todo mundo tem um amigo que nasceu disposto a tomar um tiro por uma amizade, é algo conhecido a todos nós. Desnecessário dizer isso, o barman não morreria nem pela Mãe. Mas quando se tratava de informações, era a pessoa a se recorrer. Todos também temos um amigo que conhece todo tipo de gente e não importa o lugar, sempre tem alguém conhecido por perto. ESSE era o tipo do barman.
Na verdade o Rajada de Bala era uma grande coleção de amizades do dono. Pena que ele tinha muitas figuras repetidas: matadores de aluguel, capangas, guarda-costas, informantes, policiais corruptos e marginais recém-iniciados existiam aos montes. Ele tinha um grande chefão da máfia, um capitão da polícia e a sua figura mais rara: um político corrupto. Pena o barman não ter com quem trocar para completar sua coleção. Mas ele com certeza ganhava dos outros em quantidade, Ei, meu velho, Ei meu chapa, O de sempre, Não, estou aqui a trabalho hoje, Ah, quem foi dessa vez, aposto num marido, Não, dessa vez quero acreditar que a coisa é grande, eu tenho um endereço, você tem um nome, Coisa grande, gente famosa envolvida, Não, ainda não sei bem com o que estou lidando, eu te mostro o endereço que tenho, você me dá um nome?
O detetive encharcado tirou um pedaço de papel que bravamente lutou contra a umidade do casaco, perdeu, mas lutou bravamente. Agora estava ali repousando para sempre na mão gelada e enrugada do homem que o afogou, Meu chapa, eu não sei com o que você se envolveu, mas eu não vou te dar um nome, Meu velho, o que está acontecendo nessa cidade, Você não vai querer saber, aliás, nem deve saber, melhor voltar para seus casos de adultério, Obrigado, já ajudou muito.
Como se respeitasse a vontade do detetive a chuva agora havia passado. Restava agora apenas as nuvens negras passando em frente à Lua cheia apenas para deixá-la mais aterrorizante. Fumaça saía dos bueiros como se fosse coisa normal. Alguns gatos passeavam pelas beiradas dos prédios desafiando a gravidade e o acaso a acertarem-lhe as costas ao chão. Pela ultima vez naquele dia, o detetive levantou a gola e saiu andando.
Conferiu uma ultima vez o endereço, parecia que toda vez que tentava memorizar os números, eles batiam em sua testa e voltavam ao papel. Mas já não era mais preciso enjaulá-los em sua mente, o lugar era esse. A doca de número 23, no porto da cidade. Subiu lentamente cada degrau da escada ao lado de fora, escada essa que parecia ser infinita. Se a contagem de degraus do detetive estivesse correta, agora deveriam faltar só mais três degraus para chegar às nuvens. Felizmente para ele, antes de sua visão ser atrapalhada pelo negrume do céu, chegou até a janela que dava visão para dentro do galpão.
Dizer que o detetive não acreditava no que via seria uma inverdade, mais acertado seria dizer que ele queria não acreditar. De fato, se aquilo que viu não fosse realidade seria muito mais confortável para o bem estar dos seus nervos. Lá estava numa grande mesa o prefeito, alguns secretários, uns tantos empresários, grandes organizadores do crime e dúzias de assistentes respectivos. E ali do lado de fora, suando como nunca, um detetive.
Por alguns minutos, talvez não por opção, mas sim por não conseguir se mexer e correr dali, o detetive ouviu a conversa que se desenvolvia. Ouviu nomes, propostas, ameaças, acordos. Viu apertos de mão, saudações, dedos em riste, mãos ao alto, dedos acusadores. Queria ser surdo a continuar a ouvir tudo aquilo. Foi quando juntou todas as forças que encontrou no seu corpo, na sua força de vontade, na sua mente, nas suas lembranças e qualquer outro lugar do qual fosse dono, que o detetive esboçou um movimento de fugir dali. E eis que um rosto se virou para ele.
Era o secretário da segurança pública, o rosto era conhecido seu, afinal era o cargo maior da força da qual um dia ele já fez parte. Sorte a dele era de que o secretário não conhecia o seu, e mesmo que conhecesse o instinto da auto-preservação dos seres humanos pode nos assustar às vezes, o deste detetive o fez ser mais rápido do que um olhar e o tirou da vista de qualquer um dentro do armazém.
A passos largos desceu das alturas onde se encontrava até o chão, e desceria mais se o solo que toca seus pés lhe permitisse. Andou apressadamente sem olhar para trás em direção ao armazém. Nunca na vida tinha sentido tanto medo, tão ameaçado. Nenhuma visão de uma mulher e seu amante era tão opressora como a cena que tinha presenciado agora.
Só queria voltar para seu escritório e ficar a espera de mais um cônjuge desconfiado, afinal de contas ele era só um Detetive Amoroso.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

2º Desafio: Tanabata Matsuri (Yuki)

Contradição de uma festa (pt2)


Ayumi fez 59 anos. Era inverno, e o frio de tilintar os dentes viera a tona naquele dia. Era 7 de Julho de 1985. Era festa das estrelas. Naquele dia ela sentia algo diferente.

A noite que antecedeu aquele dia foi uma noite tranqüila. O céu estava estrelado como a 40 anos atrás. Era magnífico poder ver estrelas cadentes voar por entre as estrelas que ficama paradas, piscando levemente no céu. A aproximação do sol com a lua era tão suave que quase imperceptível a todos os anos que passaram, mas naquela noite as duas maiores estrelas do céu pareciam quase juntas.

Foi o que veio a tona. Ayumi sentia que algo muito maior estaria por vir!

Na festa do Tanabata, no dia seguinte, ela estava afoita. Era como se esperasse alguém. Estava sozinha. Não conseguiu construir uma família depois dos acontecimentos entre os imigrantes japoneses.

E não era pra menos. Em instantes viu de longe Haruo andando como se estivesse perdido. Ela ficou muito feliz. Haruo não mudara nada. Era jovem como era naquela época e estava tão eufórico como naquela vez.

Ayumi foi direto a ele quando percebeu que ele estava realmente jovem como naquela época. Percebeu que algo não poderia estar certo. Aquele não podia ser Haruo.

Aquele jovem olhou-a de repente. Perguntou rispidamente quem era. Ayumi respondeu, e pediu desculpas por confundi-lo com alguém que ela conheceu a muito tempo.

O jovem desculpou-se por ser rude e falou que alguém poderia se encaixar na descrição da senhora. Ele disse que seu avô era muito parecido com ele. Seu avô era Haruo.

As estrelas no céu realmente se aproximaram naquele dia. Mas não da forma como deveriam, mas sim como poderiam.

Uma pessoa uma vez me disse que não devemos nos prender no passado afim de perdermos o que temos a frente. O que se perdeu pode um dia se recuperar, mas olhemos para um futuro que pode ser tão grandioso quanto aquele que temos agora em mãos.

Ayumi sorriu depois daquele dia. Depois de viver mais 22 anos, teve sua partida muito feliz para algum lugar.

Sim, ela pode ser feliz.

2º Desafio: Tanabata Matsuri (Yuki)

Contradição de uma festa (pt1)


Era uma época complicada na história do mundo quando estes jovens se conheceram.

Ayumi era uma menina tímida. Com os trabalhos mais tensos da lavoura, arrumava tempo para se dedicar a estudos que fazia praticamente sozinha, em casa. Tinha nascido já no Brasil. Sua mãe veio ainda criança no primeiro navio, o Kasato Maru, em 1908. Ayumi nasceu 17 anos depois do primeiro navio da imigração. Agora com vinte anos, vivia a pressão da família para se casar.

Haruo era um trabalhador de primeira. Nunca deixou a lavoura sofrer qualquer falta. Sempre se dedicou em ajudar sua família. Seu pai estava muito fraco, sofria de tuberculose. Com aquela idade seria difícil sobreviver. Mas o fazia para o sofrimento dos filhos. Os pais de Haruo veio no primeiro navio também, se casaram pouco depois de chegar. Haruo nasceu 13 anos depois do casamento e era o terceiro filho do matrimônio.

Era o sétimo dia do sétimo mês do ano em que Ayumi e Haruo se encontraram pela primeira vez. Viviam no mesmo estado, em fazendas bem próximas. Naquele ano as festas entre os imigrantes nipônicos eram bem tensos. O Japão passava pela guerra, para os japoneses aqui no Brasil, o Japão seria um país vitorioso cheio de glória. Por conta disso, a pressão era grande, mas não impedia o Tanabata Matsuri completo. Ou melhor, o mais próximo possível do completo. Os imigrantes tinham dificuldades de fazer uma boa festa, faltava dinheiro para fazer algo realmente parecido com o que viveram no Japão.

Contudo, aquele Tanabata Matsuri vivia um momento especial. Foi a paixão a primeira vista entre Ayumi e Haruo. Eles jamais poderiam se sentir diferentes. A forma como viveram, como sofreram e como cresceram tornavam ambos feitos um para o outro. O brilho no olhar porém, era a única prova do sentimento que ali nascia. E foi embaixo de uma das 8 bolas de papel que simbolizava as estrelas do céu. Era a estrela branca. Estava encardida por causa da poeira do solo brasileiro, mas naquele momento, aquela esfera de papel brilhava mais que qualquer estrela poderia brilhar.

No dia seguinte ao momento que só se manteve por uma troca de olhares e rápidas palavras, Ayumi acorda em sua casa. Lembrava com carinho daquele momento no dia anterior. Haruo não conseguiria fazer diferente. Sua mente só lembrava de Ayumi.

Com essa lembrança ambos não poderiam fazer diferente. Se encontraram uma vez depois na cidade para compra de alguns produtos. A partir deste dia se encontravam sempre. Passaram quase um ano assim. Quase sempre juntos. As responsabilidades de ambos já não eram mais com o campo. As famílias já pensavam num casamento.

Em abril do ano seguinte, em 1945, houve a notícia que mudou tudo. O imperador japonês anunciava já em junho que o Japão perdeu a guerra. Aquilo abalou os japoneses no Brasil. Algumas famílias compreenderam, outras não. Não aceitava que o país glorioso como o Japão perdera a guerra.

A sociedade se dividiu. Os japoneses daqui que não acreditavam na derrota do Japão, os Kachigumi’s chegaram a perseguir os que acreditaram, os Makegumi’s. Infleizmente a família de Ayumi era Kachigumi. Seu pai chegou a ameaçar a mãe de Haruo.

Para o sofrimento do casal, a guerra que antes assolava o mundo se resumiu em assolar o pequeno número de imigrantes que ali viviam. Para o sofrimento de Haruo e Ayumi, eles tiveram de se separar. A família de Haruo fugiu, indo para um lugar muito mais distante. Fez isso para o bem de sua família. Tinha que proteger a todos, já que nenhum de seus irmãos se dispuseram a liderar a família e proteger a todos. Não podiam contar com seu pai, que um dia foi vivo.

O brilho dos olhos de Ayumi se fora, e nunca as recuperou desde então.

domingo, 13 de julho de 2008

Novidades Sketch

Senhoras e senhores, caros leitores.

Aqui é o Yuki de novo. De volta para falar um pouco sobre as semanas que passaram. O SketchBlog está em sua terceira semana e venho com novidades.

A partir de hoje, este blog passa a mostrar um pouco mais do que somos. Faremos alguns textos sobre nossas referências, nossos gostos. Falaremos sobre o que temos visto no mundo que servem como referências para nossos trabalhos. Então vai um pouco sobre filmes, livros, quadrinhos e etc. São pequenas críticas e etc. Um exercício extra para podermos exergar mais a fundo nossos próprios trabalhos. E contamos com auxílio de você, leitor, para avançarmos mais firme.

Além disso acabamos de abrir o espaço SketchTrash. Uma linha paralela ao SketchBlog. Lá colocaremos quase a mesma coisa que aqui, porém com muito mais irreverência. São comentários engraçados sobre nossas referências e etc. Nossos gostos e muito mais estarão expostos com brincadeiras ali!

No SketchTrash teremos outras novidades, mas aí fica para vocês derem uma olhada depois!

Logo teremos outras novidades aqui também.


Um abraço forte!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Amanhã vem rápido demais

Era meia noite. Estava frio naquele navio. Ventos sopravam melodias que resfriavam a mais quente das espinhas.

Um senhor sentado a janela cantava junto dos ventos. Deixava sua voz correr paralelo
às linhas invisíveis do frio. Era a ode allegro aos deuses nórdicos.

Era uma canção de paz. Ao menos uma vez era paz na terra.

Os olhos de uma criança brilharam ao ver o velho senhor, sentado e apoiado sobre sua bengala. A criança muito esperta, perguntou ao senhor:

- Senhor. Qual música é essa que o senhor está cantando?

- Não é música, meu filho, é um último suspiro antes de ir deitar. A muito tempo não canto uma verdadeira canção. Minha voz se fora quando libertei a juventude de meu corpo e passei de um corpo como o seu ao meu decrépito experiente da vida.

- Senhor, seu suspiro é muito bonito!

- Quantos anos tem, pequena criatura?

- 8!

- Há ainda muito de aprender! Mas do que tenho, só posso deixar um ensinamento. Jamais deixe de ser o jovem que é, Nunca esqueça de brincar e sorrir! Sempre!

- Senhor, tudo bem, mas... então como serei rico?

A pressa não tem preço

Olhos bufantes, ao caminhar dos navegantes
Era o ócio do esguio, andante radiante adiante
Se era pro próximo a correr, por deixar-te
Dos tripulantes era o rápido mais distante

A pressa não tem preço, não tem apresso
Faz correr quem teme, quem tem coragem
Faz ir adiante quem não pensa em caminhar
Faz que faz dizer algo, mas é dissonante

A pressa não tem apresso, tem peso
faz caminhar a frente dos olhos bufantes
Faz do ócio o sócio do andante que segue
Radiante a correr deixa-te adiante
Dos tripulantes o mais próximo a perecer

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Refúgio dos alucinadores

Olhou no relógio. Viu que faltava exatamente 23 minutos. Não se desesperava porque estava muito próximo de seu destino.

Era assim a vida de João. Este que era brasileiro, se dizia ser ao menos. Se interessava por futebol, mulheres cerveja. Um cidadão comum. Porém aos olhos de muitos era um rapaz muito organizado e reservado.

Como todo bom brasileiro, ia aos botecos no meio da noite. Se enchia da loirinha e voltava pra casa aos soluços na madrugada. Esse era João.

João gostava de caminhar. Não tinha escolha porque carro é luxo de poucos, menos em São Paulo que vive lotada de carros. Comia o bom prato feito durante o almoço e o bom zoião na janta.

Enfim era um rapaz comum da classe comum do Brasil. Era solitário por vezes, era muito bem acompanhado por outras. Era o que fosse, mas nunca deixou de ser João.

Ao meio dia, a 23 minutos de seu compromisso, João se viu em uma situação irreal. Nunca viu algo como aquilo. Uma luz tão intensa quanto o sol pousou sobre sua testa e se apagou.

Uma coisa como aquela deveria ser vista por todos a sua volta, mas João percebeu que ninguém vira o acontecimento. Então João, perplexo, ignorou e seguiu com seu caminhar. Ao olhar novamente ao relógio, viu que faltava agora para seu compromisso exatamente 45 minutos. Fato que jamais poderia entender.

- Como raios isso aconteceu? Meu relógio quebrou?

Todo o tipo de pensamento encheu sua mente. Seus olhos fitaram o céu por um longo tempo quando de repente um flash passou por seus olhos e tudo estava mais claro.

Ele viu alienígenas. Sim! Ele viu alienígenas, daqueles cabeçudos com grande olhos e corpos magros e pequenos. Imaginou todo o tipo de coisa, e o jogaram um dia depois do fato, com um pequeno erro em seu relógio.

Houve uma cirurgia. Sim, houve uma cirurgia. Ele mau conseguia ver os cirurgiões, via tudo embaçado, com uma luz intensa em seus olhos. Via grandes cabeças, ouvia sons ininteligíveis e sons de metais batendo. O tilintar do medo que se escorreu por sua espinha.

Naquele dia, esperou os 45 minutos e a pessoa quem esperava não chegou, cumprindo os fatos que passavam por sua cabeça. Ele ligou para a pessoa. Era uma mulher, com a voz suave e elegante. Era Joana, uma moça da pacata cidade de Nova Hamburgo, chegara em São Paulo a pouco.
- Joana, por que você não veio? (perguntava João, disfarçando o acontecimento)
- Como assim? Combinamos nos ver amanhã! Você está tão desesperado para me ver assim?

João não mais soltou uma palavra. Largou o telefone. Perplexo com a situação, não sabia a quem pedir ajuda. Correu pela porta de casa, pulou feito louco. Berrava aos céus “porque eu”.

De repente em sua direção vinha a luz novamente, desta vez milhões de vezes maior e muito mais forte. João fechou os olhos e quando as reabriu...

... ele estava em sua cama. Mais uma noite sem aqueles remédios.
- Quanto tempo mais? Quanto tempo mais?

João se perguntava porque já não queria mais ser igual a todo mundo na Terra.

Pra quem não sabe quem amar

Não há conceito de mau amado
Nunca acariciado, beijado
Sempre hesitante caráter do bem querer

O romântico é pródigo
É sempre esperado,
Nunca encontrado

O cafajeste é pilantra
Desejado estar longe
Mas sempre ao lado

O amor sensual nunca é demais
Mas sempre tem gostinho de sobra
E quando se vai sempre se quer mais

Não há palavras ao que se vem
Não se sabe o que se tem
Só se sabe se quer bem

Quando se sabe que quer
Nunca é demais ter
O difícil é manter

Será que as dúvidas sempre estarão no seu saber?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cafe Noir (peça em 1 ato)



(a cortina se abre, e só é possível visualizar uma porta)
”TOC TOC”
(a luz de um abajur na extremidade oposta do palco se acende.
Um homem levanta da cama, de pijamas. Apreensivo, coça cabeça, preocupado...hesita. E finalmente vai ver quem é.)

Homem: Q-Quem...quem é?


(a voz atrás da porta)

A morte!

Homem: ( perplexo...pensando não ter ouvido)
Quem!?

Morte:(impaciente...)
Ora essa...a indesejada da gente...a coisa ruim... que levará você dessa para melhor..........ou não.

Homem: Caramba! Agora estou a ouvir coisas! Estou ficando esquizofrênico!

(Desacreditado...corre para um prateleira cheia de remédios e comprimidos)

Morte:
Não adianta mais...pode tomar o quanto quiser...seus dias já foram contabilizados, é só você passar no caixa.
Vamos abra logo...esta frio aqui fora...não me obrigue a pular a janela...minhas costas estão me matando,


Homem: Calma calma....acho que podemos negociar...(respira fundo e abre a porta...surpreende-se com o rapaz magro de cabelos negros, vestido de preto que entra cheio de papeis, desorganizado.)

(apertam as mãos)

Morte: Que mão fria!!!

Homem:...a morte!? Você é a temida morte!?

Morte: sem piadas..sim...sei que não sou quem você esperava...se é que esperava....
Mas não torne isso pior, ainda tenho que levar mais três ao barco antes de bater meu cartão para a janta!

Homem:Mas me diz, como isso foi acontecer?

Morte: Ora não precisa de muito para morrer...basta estar vivo...
(pega uma prancheta e um lápis...começa a preencher um formulário...enquanto o homem ainda dialoga...)

Homem: Mas...mas...eu tomei meus remédios...todos...sempre me preveni..e essa agora!?

Morte: Exatamente por isso...tomou remédios demais...você é hipocondríaco, excesso de precaução não faz bem à saúde....

Homem: Não sou hipocondríaco...tomo remédio há anos contra hipocondrismo!

Morte: Ora vamos..não é tão ruim assim...a terra dos pés juntos é bem bonita no inverno...e alias não tem mais volta....você já esta morto!

(luz se acende em outra parte do palco, revelando um corpo...)

Homem: AH! O q-que...quem é esse cara gordo e sujo...caído ali...!?

Morte: creio que seja você...

homem: Não tem mais jeito mesmo!?? Me de alguns dias...preciso terminar meu quebra cabeça(corre para a mesa e pega algumas peças do quebra cabeça..desesperado)...5000 peças!...estou na metade, (olha para o quebra cabeça) não consigo achar as peças para as orelhinhas do ursinho Veloz...

Morte: (de saco cheio)...
deixa ver..(folheia seu bloco de folhas)..ahh..sim...bom..posso te dar mais alguns dias sim...amanhã vc acordará e não se lembrará de nada
(homem fica empolgado ao ver a morte juntar suas coisas e dirigir-se a porta)....Volto em 3 dias...


Homem: maas...

Morte: você será pego de surpresa por um tarado na semana que vem...e depois de fazer coisas com você te estrangulará..

Homem: Oh não! Não me dou bem com tarados...
....mas se você esta me contando não será surpresa

Morte:
Acredite... será uma GRANDE surpresa!

Homem
(coloca as mãos na cabeça..desiludido)
a viagem é longa!? Acha melhor eu comer alguma coisa?
estou morrendo de fome...com o perdão do trocadilho.

Morte:
Você é quem sabe...eu adoraria um café...já que me perguntou...
agora assine aqui...
(lhe direciona a prancheta)
aqui...
(aponta para um pedaço do papel)
e aqui...
Pronto... esse é seu recibo, entregue assim que descer do barco, sim!?

homem:
Mas como!? Que barco!? Irei para o céu ou para o Inferno!?

Morte:
Não acredite em tudo que vê por aí garotão, você vai para um lugar onde há whiskys, garotas, carros e boates...
(deixa o café fazendo)
Homem:
M-mas é o paraíso!!!

Morte:
...haverá também brigas de bar, policiais corruptos, políticos ladrões, garotas de programa, assaltos, e tudo mais...

Homem:
Mas não tem nada de diferente daqui!...é o inferno!

Morte:
Se você chama assim...
Quando Dante resolveu tomar as rédeas do projeto de revitalização, tudo ficou pior, aumentou a burocracia. Só piorou!

...o pior é que votei nele.

Homem:
E você é a responsável por levar o povo para lá?

Morte:
Um dos responsáveis, somos em muitos, fui promovido a pouco tempo, ainda estou pegando o jeito.

Homem:
O que você fazia antes?

Morte:
Eu fazia parte de um partido adventista...que lutava contra o banditismo celestial.

Homem: O q-que...como!?



Morte: Resolvia algumas brigas de vizinhos, brigas de bar, pequenos furtos, mas principalmente tentava expulsar os proprietários ilegais de terrenos.

Homem: Proprietários ilegais!?


Morte: Sim, uns engraçadinhos suicidas, entravam em uma dessas igrejas e compravam um lugar no céu com cheque sem fundo!
E morriam antes do cheque voltar.

Homem:
Marxistas safados!

Morte: Pois é, e eles se recusam a sair!
Dizem que não tinham nem onde cair morto...literalmente.

Homem: Que loucura!

Morte: Sim sim, é um trabalho difícil, principalmente pela carga horária, o bom é que o convenio cobria tratamento dentário.
Bom agora vamos...

TRINNNN( a cafeteira apita)
Homem:
Não antes de um café.

Morte:
Hum..irrecusável.

(enquanto tomam café, encostam-se na bancada da cozinha)

Morte: E como vão os testes com supositório!?

Homem: Como sabe dos meu emprego!??

Morte: OOOra, vamos, sua vida é acompanhada em uma revista PULP, todos acham que é ficção...devido a superficialidade.


Homem: Essa é nova!...agora sou personagem de uma pornochanchada..


Morte:
Vai dizer que sua vida é mais que isso?!

Homem: Ora...essa agora...

Morte:
Há, não sabe quem eu encontrei semana passada.

Homem: ?

Morte:
Bella. Lembra-se? Aquela brunete que você colocou uns chifres...

Homem: Ora..não venha com essa...nunca fui Infiel...claro que talvez tenha saído uma vez ou outra com algumas garçonetes...balconistas, dançarinas...mas nunca fiz mal algum a Bella, sempre fui fiel ao seu amor. Sempre tomei cuidado para que ela nunca descobrisse nada, e não machucasse seu pobre coração.

Morte: Ora...não me fale de amor...estou cansado disso, vocês inventaram o adultério para realçar seus amores e criaram o amor para que seus adultérios fossem justificados.......

(perplexo)
Homem: Não é bem por aí...jamais fiz mal algum Para Bella

Morte: ...Pelo menos você pode dormir tranqüilo, ela também fez tudo muito bem feito, você nunca desconfiou de nada...hahá!
Agora vamos...

Homem: O-q- que!? Bella!? Infiel!!?

Morte: Não não...ela nunca foi infiel...sempre te amou, talvez tenha saído com algum garçom ou devo dizer...garçons...foi uma festa e tanto! Uma loucura!
Mas ao seu modo de vista, nunca lhe traiu... Isso eu garanto!
Vamos logo...

Homem: (Perplexo) vamos... Vamos... Estou de pijamas ainda! Preciso colocar meu terno e minha gravata nova...

Morte:
Acredite, no seu barco não vai gente muito bonita...
A começar por uma mãe de santo... Que teve sua maternidade negada por todos os santos que conheço...

Homem: Levo roupas extras!?

Morte:
”VAMOS!”

Homem: Opa..desculpe...posso apenas deixar um bilhete para meu irmão!?

(Morte pensa...)

Homem: Ora,vamos...ele vem de longe!
Morte: Hum, ok!...Mas seja breve!

”JOTAPÊ.
PROVAVELMENTE JÁ DEVE TER SE DEPARADO COM MEU CORPO EM ALGUM CANTO DA CASA.
VOCÊ TINHA RAZÃO QUANDO DISSE QUE OS REMÉDIOS ME FAZIAM MAL(INCLUSIVE AQUELES QUE ME FARIAM PARAR DE TOMAR REMÉDIOS)

OBRIGADO..

FIQUE TRANQUILO QUE COMPREI MEU LUGAR NO CEU A VISTA, E ESPERO EM BREVE SUA VISITA.
ABRAÇO
S FRATERNAIS

PS: FALANDO NISSO...HÁ PRESUNTO NA GELADEIRA, SIRVA-SE A VONTADE.”

(A cortina se fecha)





sábado, 5 de julho de 2008

Noir de alucinação

Caminhava na rua escura, iluminada apenas por alguns postes. A maioria das lâmpadas estavam quebradas. Murmúrios e gemidos se estendiam por todos os becos que ali se recostavam. Tudo isso porém não atingia minha mente, enquanto me escondia em baixo de meu chapéu negro.

Nunca entendi porque caminhava, mas era de meu gosto, então eu caminhava. Isso era para fugir de minha escrivaninha, em meu quarto, que ficava esperando uma matéria cair em meu colo.

O jornalismo sempre foi a minha paixão, o meu talento. Mas depois que ganhei uma boa grana, o suficiente para poder trabalhar em casa, eu parei de trabalhar com vontade. Já não havia mais motivação, afinal das contas, não precisava mais daquilo.

Já que nada iria escrever mesmo, pegava meu sobretudo fino, esse que gostava de chamar assim, porque na verdade era apenas uma capa de chuva preta, o meu chapéu e independente do que estava vestindo, botava aquilo tudo e metia o pé na rua para caminhar até cansar, deixando o destino jogar a minha frente o que tivesse que vir.

Então caminhando pela escura rua vi debaixo de um outro foco de luz um casal. Acreditei ser um casal de namorados. Mas mais próximo que chegava percebi que era um homem qualquer e uma puta sem caráter. Repugnei os dois, um por ostentar aquela rodela dourada em volta de seu dedo, outra por estar suja, mascarando as marcas da vida com uma grossa camada de químicos estranhos e coloridos. Um por representar uma casta da sociedade que se diz ser a nobreza do povo, e outra por se dizer uma sem oportunidades.

Caminhava por entre os automóveis de ferro pesado. Aquelas carangas pareciam não querer correr, mas se mostravam a postos as maiores corridas, a superar os cavalos, ao menor dos sinais do som de partida.

Depois de cenas assim me senti na obrigação de sair daquele lugar, que não me enojava, mas que me davam um arrepio quase único de solidão, quando me deparei com uma loira fumante. Ela que ao soprar aquele aroma de tabaco queimado cuspiu as palavras “está sozinho, amor?”.

Naquele momento lembrei daquele casal debaixo do poste e me enojei quase que subitamente, dizendo que estava só sim, mas que não estava preparado para um programa. Raivosamente a moça retira a peruca loira, me pega pelo ombro do casaco longo e me joga contra a parede berrando:

- Como assim? Pra que então me fez vestir esta roupa de puta e ficar te esperando na rua a esta hora? Suas fantasias te fazem viajar para outro mundo, seu filho da puta! Pode se preparar para assinar o divórcio porque essa foi a gota d’água!

E foi assim que perdi a esposa que quase amei. Graças à náusea da imagem que vi momentos antes me fez ver que estava no caminho da sociedade errada.

Virei então, mendigo a procura de prostitutas.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Era uma tarde chuvosa para andar a cavalo.

Nunca estive tão calmo em meus pensamentos. Apesar da barulho daquele lugar, me resumia em meu copo de whisky e meu chapéu empoeirado.

Lembrava do último minuto em que estive de olhos rápidos. O minuto que valia minha vida. O minuto que fui mais rápido que o projétil que rasgou o vento e cortou a pele da lateral de meu rosto.

Nunca senti tanto medo na minha vida, nunca me senti tão vivo também.

Voltava a meu próprio ser quando ouvia os berros de jogadores com cartas nas mangas. Paguei a bebida com moedas sofridas e fui para fora. O cavalo que me esperava, o meu corcel marrom, aguardava quieto com os laços bem amarrados. Impaciente, pequenos saltos com as patas da frente, o cavalo fitou me até a minha chegada ao seu lombo cansado.

Montado firme e forte, passei a cavalgar pelo deserto a frente. Ninguém pra fora das casas, dos bordéis ou algo assim. O ar estava parado. Nem o feno ousava cruzar minha visão.

De repente pequenas gotas tocavam a nuca do corcel, quando ele passou a voar pela secura do deserto.

A água não deveria ser tão gélida em um deserto como aquele. Sob aquele sol e água, o cavalo não parava nem por um minuto. Foi quando em um estrondoso som, aquele cavalo levanta sobre duas patas lançando-me ao chão.

Uma queda simples que não deveria machucar. Um passo em falso do cavalo partiu minha coluna em pedaços. Não mais levantaria dali, até receber ajuda. Em meio à água e areia, a terra que logo viraria lama fiquei. Fiquei até perecer.

Aquele tiro que acertei muito sem querer não é glória. Mas pelo menos é o feito em que posso me orgulhar até a minha morte.

Nem um feito é tão pequeno que não se possa orgulhar, antes que seja tarde.

Os sonhos que armam, arranham, mas sem eles...

Por tempos novos me vi cair em uma armadilha. Era uma armadilha muito bem armada e preparada por quem melhor me conhece. Por uma pessoa que alguém nunca chegará perto de conhecer.

Pelos passos que fui seguindo, algo me fez sentir que poderia correr! E essa confiança assim me dada foi tão grande e tão forte, que meus passos alargaram muito mais que minhas pernas poderiam fazer. Aconteceu mais de uma vez, e por mais que aprenda a lição, acabo por errar novamente.

Entendo que aprender algumas vezes chega a ser necessário "tomar porrada". E quando aprender de porrada de si mesmo? Será que estamos em um conjunto de pensamentos aflitos da perdição? Será que não podemos contornar todos os erros e manter acertos em eterno looping?

Quando meus sonhos parecem a minha frente para realizar, corro tanto que acabo passando dele, e quando volto para realizar, ele vai embora.

Hoje sei, mas não sei administrar ainda. Quando nosso sonho está em nossa frente, vamos nos esgueirar, nos esconder para pegá-lo quando ele estiver desprevenido. Como uma leoa faz com sua presa.

Nada é impossível. Porém nada chega fácil como se você não tivesse de fazer por merecer.

Um dia talvez isso pode acontecer, mas até isso acontecer muitos espertos teriam de sumir para não ser espertos contra outros espertos.

A selva é tão selvagem quanto você possa imaginar.
Mas sem a selva....

terça-feira, 1 de julho de 2008

2º desafio: Tanabata Matsuri

Senhoras e senhores, queridos leitores.

Bem como sabemos, a proposta inicial neste blog era mostrar textos livres que fossem um exercício, tanto para nós como escritores e/ou desenhistas, quanto para vocês como leitores. São textos diferentes com diferentes tipos de referência. O desafio desta semana está sendo postado por eu, Yuki, por dificuldades técnicas dos outros integrantes no momento. Votado que o primeiro desafio não foi bem um desafio, segue este então como o Primeiro Grande desafio.

O tema desta semana é Tanabata Matsuri. Isso, além da comemoração da festa que ocorrerá nos dias 12 e 13 de julho deste ano (festa que já está chegando e ocorrerá no bairro da Liberdade em São Paulo), vai em comemoração ao Centenário da imigração japonesa neste ano. Nossa contribuição.

Para isso vou contar um pouco da história do Tanabata Matsuri.

A tradução de Tanabata Matsuri é Festival das estrelas (Matsuri = Festival e Tanabata = Estrelas). É uma comemoração que deveria ser comemorado no sétimo dia do sétimo mês do ano.

Essa comemoração ocorre por causa da aproximação das duas maiores estrelas do céu: o Sol e a Lua. É uma festa originária de Okinawa.

Tudo isso surgiu de uma lenda que fala sobre amor.

A lenda é assim:

For long time ago. In a galaxy far, far away....

Orihime era uma princesa que vivia bem longe nas estrelas. Junto a ela vivia seu pai, o Tenkou, o Senhor Celestial.

Certo dia Tenkou apresentou à sua filha um belo rapaz chamado Kengyu. Acreditava-se que pela beleza dos dois formariam um belo casal.

O casal se apaixonou fortemente e deixaram seus afazeres para ficarem juntos. Kengyu largou seu pasto e a princesa Orihime deixou de tecer.

Inconformado com a irresponsabilidade do casal, Tenkou os separou enviando os dois para lados opostos da Via-Láctea.

Tenkou viu que a separação causou um forte sofrimento e dor para os dois. Por conta disso permitiu que os dois se encontrassem uma vez ao ano. Porém, ambos deveriam atravessar a Via-Láctea por conta própria.

Orihime, determinada a encontrar seu amor, tece o ano todo um véu que a ajudaria a atravessar a Via-Láctea inteira para reencontrar seu amado. Este reencontro acontece no sétimo dia do sétimo mês do ano. É o dia em que todos, em nome deste amor, fazem pedidos que o casal deve atender do povo da Terra.

Esta é a fábula do Tanabata. Esta fábula foi retirada de um livro infantil que tenho de quando estudava japonês. Espero que gostem do que virá dos criativos deste blog.

Aliás, apesar de termos o tema, podemos escrever tudo que possa envolver o tema. Se a criatividade permitir vai até romance policial!


Bom, tema enviado. Boa sorte para nós!

Uma abraço maluco doido. Tchau!