quarta-feira, 2 de julho de 2008

Era uma tarde chuvosa para andar a cavalo.

Nunca estive tão calmo em meus pensamentos. Apesar da barulho daquele lugar, me resumia em meu copo de whisky e meu chapéu empoeirado.

Lembrava do último minuto em que estive de olhos rápidos. O minuto que valia minha vida. O minuto que fui mais rápido que o projétil que rasgou o vento e cortou a pele da lateral de meu rosto.

Nunca senti tanto medo na minha vida, nunca me senti tão vivo também.

Voltava a meu próprio ser quando ouvia os berros de jogadores com cartas nas mangas. Paguei a bebida com moedas sofridas e fui para fora. O cavalo que me esperava, o meu corcel marrom, aguardava quieto com os laços bem amarrados. Impaciente, pequenos saltos com as patas da frente, o cavalo fitou me até a minha chegada ao seu lombo cansado.

Montado firme e forte, passei a cavalgar pelo deserto a frente. Ninguém pra fora das casas, dos bordéis ou algo assim. O ar estava parado. Nem o feno ousava cruzar minha visão.

De repente pequenas gotas tocavam a nuca do corcel, quando ele passou a voar pela secura do deserto.

A água não deveria ser tão gélida em um deserto como aquele. Sob aquele sol e água, o cavalo não parava nem por um minuto. Foi quando em um estrondoso som, aquele cavalo levanta sobre duas patas lançando-me ao chão.

Uma queda simples que não deveria machucar. Um passo em falso do cavalo partiu minha coluna em pedaços. Não mais levantaria dali, até receber ajuda. Em meio à água e areia, a terra que logo viraria lama fiquei. Fiquei até perecer.

Aquele tiro que acertei muito sem querer não é glória. Mas pelo menos é o feito em que posso me orgulhar até a minha morte.

Nem um feito é tão pequeno que não se possa orgulhar, antes que seja tarde.

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