sexta-feira, 11 de julho de 2008

Amanhã vem rápido demais

Era meia noite. Estava frio naquele navio. Ventos sopravam melodias que resfriavam a mais quente das espinhas.

Um senhor sentado a janela cantava junto dos ventos. Deixava sua voz correr paralelo
às linhas invisíveis do frio. Era a ode allegro aos deuses nórdicos.

Era uma canção de paz. Ao menos uma vez era paz na terra.

Os olhos de uma criança brilharam ao ver o velho senhor, sentado e apoiado sobre sua bengala. A criança muito esperta, perguntou ao senhor:

- Senhor. Qual música é essa que o senhor está cantando?

- Não é música, meu filho, é um último suspiro antes de ir deitar. A muito tempo não canto uma verdadeira canção. Minha voz se fora quando libertei a juventude de meu corpo e passei de um corpo como o seu ao meu decrépito experiente da vida.

- Senhor, seu suspiro é muito bonito!

- Quantos anos tem, pequena criatura?

- 8!

- Há ainda muito de aprender! Mas do que tenho, só posso deixar um ensinamento. Jamais deixe de ser o jovem que é, Nunca esqueça de brincar e sorrir! Sempre!

- Senhor, tudo bem, mas... então como serei rico?

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