sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Arnica desacreditada





Sentimos que as pessoas mudam.
No filme Magnólia, lembro-me de uma matéria que Luiz Carlos Merten colocou, onde tinha um artigo publicado em que o diretor do filme Paul Thomas Anderson afirma que uma das razões dele ter colocado aquela chuva de Sapos, vinha de uma pesquisa comprovada em que poderemos medir o nível de sanidade das pessoas a partir da saúde dos sapos localizados nos brejos locais.

Eu também afirma achar bizarro, mas faz sentido.
E no filme quando chove sapos, é como a parte final de uma orquestra em que todos os personagens afundam junto no tom com todos instrumentos que se necessitasse!
Novamente me vejo posto frente ao que podemos chamar de nível de sanidade da população.
Faço até um paralelo com aquelas pessoas que quando estão a beira da morte, destacam-se as que tem fé que resistem mais, ou dependendo do nível de fé e milagre se curam, e as que definham mais rápido.

Fé ainda é um combustível humano necessário.
Notei isso pela minha garota: quando estou mal das costas, o que tem se tornado uma constante me travar as costas e a confiança que eu depositava nos remédios de infância. Quando moleque, sabia que todos indicavam remédio que contivesse arnica na sua composição. Da penúsltima vez que travou minhas costas chegando até me incomodar na respiração, entreguei a ela a geléia de arnica e que passasse no local dolorido.
Sua resposta foi avassaladora como a de Dana Scully para Mulder quanto as questões sobrenaturais na série Arquivo X: de maneira cética!

- Olha, eu posso até passar, mas você tá bem crescidinho pra saber que isso não funciona nada!

Perfurador este comentário. Acabou comigo e com toda metade na minha vida na fé contida neste remédio tão "cosas de avoela". Juro que este remédio funcionava, sério mesmo....não sei se era minha fé, ou a fé da minha avó, mas funcionava.
Meu próprio irmão contemporâneo da minha garota outro dia se negou passar a geléia sob a certeza (nem suspeita era) de que não adiantava nada!



As pessoas tem mudado pra pior, pelo jeito.
E não adianta fórmulas para crença. M. Night Shyamalan faz filmes como Spielberg fazia antigamente, um cinema que se depende d fé no que se viu, e não no discurso, como a maioria dos filmes faz hoje (como os do Nolan, Batmans Begins ou Dark Knight por exemplo) e isso hoje em dia no cinema é arriscado.
Sua maior ousadia havia já acontecido ha alguns anos atrás quando fez "Dama na Água" filme emblemático da fé, que desde os créditos iniciais, nos convida a sermos criança pra entender e poder acreditar em tudo que seria contado. E a história foi contada. Haviam de salvar uma ninfa que se chamava history, e pouca gente engoliu.
Achei "Dama..." um dos melhores filmes da década que tratam da questão: "Até onde você acredita?"e pouca gente sacou. A maioria, percebi que foi gente como ela que acreditava piamente que o remédio não funcionaria.
Mas como é uma geração em conflito, notei que no remédio ela não acreditou, mas no filme sim. Vejo por ela e outros amigos, uma fase de transição da nossa geração, e não quero ser encarado aqui, como o tiolão que encara de longe com dedinho no queixo. Estou envelhecendo, mas estou completamente inserido nesta convivência.

De toda transição, o que mais me preocupa é o ceticismo. As pessoas precisam ter fé, e isso não diz respeito a religião. Lembro-meaté uma frase que li nestes rodapés de agenda em que uma frase animava o dia: "Todos precisamos crer em algo. Creio que vou beber uma cerveja". Que seja. Pelo menos creiamos...isso é força interna!

Porém, mesmo com todas estas divagações, minhas costas ainda doem!



Vebis Jr ou se preferirem "El Cabrón" é professor de audiovisual na Universidade Metodista, pesquisador em cinema, diretor de fotografia em diversos curtas metragens (além dos seus) e contrabaixista acústico frustrado nas horas vagas! Dependente quimico em café, cinema e sexo!

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