Após mais um ciclo olímpico, as pessoas se perguntam: e ai, como fomos?? Pelo o que acompanhamos dos resultados obtidos (ou não obtidos), vemos o Brasil apenas em 23º no ranking de medalhas. Digo ‘apenas’ por ser um país de tamanho grandioso e grande importância cultural e econômica para o mundo. Com o sonho de se tornar uma potência olímpica, estamos dando apenas os primeiros, e vagarosos, passos.
Apesar de nunca termos sidos grandes vencedores de medalhas de ouro, sempre estivemos em evidência no mundo esportivo. Competições internacionais, campeonatos mundiais e disputas com os melhores atletas do mundo contam a participação de brasileiros. De vez em quando temos nossos representantes nos pódios e conseguindo ser campeões. Mas parece que temos um sério problema quanto a disputa do maior dos eventos: as Olimpíadas. Grandes expoentes do esporte nacional cravaram seus nomes entre os medalistas olímpicos, mas sempre esperamos muito mais. Nós aceitamos apenas o nível máximo de perfeição quando se trata de esportes, não nos contentando com a simples participação em torneios. Apesar de ser difícil de aceitar, o brasileiro é assim.
Com um total de 15 medalhas ganhas, sendo 8 de bronze, 4 de prata e apenas 3 de ouro. Em primeiro lugar ficaram os chineses e suas 100 medalhas, com 51 de ouro, 21 de prata e 28 de bronze. Essa disparidade coloca em dúvida toda a preparação brasileira nos últimos anos, passando por um Panamericano em casa e competições por todos os lados. Do que adiantar levar a maior delegação de todos os tempos para que os resultados fossem tão ruins? O velho dito se confirma: quantidade não é qualidade.
Apesar de ser claro a fraca participação do Brasil em Pequim, o presidente do Comitê Olímpicos Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman afirma que “o País teve o melhor retrospecto da história”. Sua opinião se embasa em cima do fato de termos participados de 38 finais disputadas, oito a mais do que em Atenas. Há quatro anos ficamos em 16ª lugar no quadro de medalhas, com dois ouros a mais. Essa desculpa esfarrapada foi pensada para tentar justificar o investimento de R$ 160 milhões para 2008, maior orçamento de todos os tempos. Assim como ele, o ministro dos esportes, Orlando Silva Jr., também se vangloriava dos números brasileiros. Com o passar dos dias em que se seguiram as olimpíadas, a participação de ambos foi se esvaecendo.
Dirigentes à parte, os atletas também nos decepcionaram. Nomes de respeito como os ginastas Diego Hypólito e Daiane dos Santos, o triplista Jadel Gregório e o nadador Thiago Pereira não conquistaram o esperado. Mas cada um é um caso. Na olimpíada anterior, Daiane não conseguiu dar seguimento a seu bom momento de campeã mundial de ginástica olímpica. Jadel sempre figurou entre os principais nomes do atletismo, mas nunca conseguiu títulos de expressão. Mesmo contando com a sorte do principal atleta do salto triplo não participar dos jogos, não conseguiu subir ao pódio. Já Thiago se mostrou muito aquém do que esperávamos de um campeão de panamericano. A competição sul-americana engana a todos, sendo que nunca foi levada a sério por outros países, caso de Estado Unidos, Cuba e Canadá.
O grande problema dos nossos atletas olímpicos é se contentar em fazer sua carreira por aqui e se destacar entre os próprios brasileiros. É preciso firmar a idéia de que se tornar um atleta de alto nível remete ao fato de você se desligar do país e disputar (e aprender) com os melhores do mundo. Cito aqui o caso do nadador César Cielo, detentor da medalha de ouro nos 50 metros livre e bronze nos 100 metros livre. Há três anos, se mudou para os EUA e tem competido com os melhores. Ele deixou os braços da família para abraçar o sonho de se tornar o melhor. Em Pequim, chegou como o segundo nome da natação brasileira, atrás de Thiago Pereira.
Enquanto não diferenciarmos atletas e atletas de alto nível, não poderemos sonhar com passos maiores no quadro de medalhas.
Demonstro aqui minha breve opinião quanto ao evento esportivo mais esperado do ano, mas que o Brasil não sabe participar....