sábado, 28 de junho de 2008

Uma noite quente no volante

Ainda dirigia. Era tarde da noite quando dirigia.

Enquanto as pessoas lutavam umas contra as outras em um épico que não usa as mãos para conseguir caminhar, beber e conversar, voava com pneus no chão apenas um cara.

E esse era eu mesmo. Que depois de uma noite cheia de percalços, com briga, pseudo narcóticos que vão contra pseudo leis, andava eu pela cidade. Era um dia de fúria, de stress que passou e agora só a calmaria nas ruas me fazia feliz.

Dirigi por um tempo a fio. Baixei a janela e permiti que o som do vento atingisse meus tímpanos. Coloquei o rosto para fora, fechando os olhos e deixando o vento bater em minha testa quente.

Foi por causa de uma briga, sim. Não devia mexer com aquela Brunette de peitos fartos sem ver que em seu dedo ostentava um anel largo e dourado. Não devia ter deixado passar da minha conta, aqueles números a mais de copos, porta copos e garrafas sobre minha mesa.

Estava sozinho. A cidade também, o vento gélido que refrescava minha cabeça e eu, corríamos em lados opostos porém paralelos sobre aquelas ruas vazias. Para mim, nunca foi tão gostoso fazer aquelas curvas e acompanhar o vento ao meu lado.

E não é para menos. Passei o dia, ou melhor, a semana querendo que aquele negócio acabasse. Cheguei a torcer para ser demitido. Que fora é aquele? O fato de ter capacidade de fazer melhor não tirou a quantidade de trabalho que aquele palhaço colocou em minhas costas! O que você queria? Que eu mudasse toda a minha agenda pra fazer o trabalho a mais? Isso é problema dele.

Me acompanhava naquele momento apenas o som do meu carro. A troca de marcha, a aceleração, a música que saía daquele cd velho e riscado para as caixas de som da porta do carro. Tinha a absoluta certeza. Eu era o rei daquele asfalto.

Já cansado dessa rotina imbecil, ainda aturo aquela mulher que me espera sob o teto que paguei os rins para comprar. Porque ela não é, simplesmente, aquela mulher com quem namorei?

Apenas contava as luzes que passavam translúcidas pelas minhas pálpebras. Apenas contava os giros no motor. Apenas contava os quilômetros rodados. Naquele momento não pensava em nada. E não era pra menos. Foi um árduo trabalho, repudio e ignorante viver até aqui.

Foi assim mesmo. Viver até aqui foi árduo mesmo. Reclamei a tempo sem fim, sobre o que tinha de melhor e que tinha lutado para conquistar. Se aquilo pelo que lutei não era a felicidade que procurei...

...porque lutei!

Nota do autor: Eu odeio ter de admitir. Mas sou um reclamão às alturas do Himalaia. E se pelo que estou lutando é o que estou reclamando... ta na hora de mudar!

Me toquei nisso a pouco.

Desculpa Gravata, meu diagrama de stress ta baixando em ritmo acelerado!

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